quarta-feira, 13 de julho de 2011

Violência psicológica

Violência psicológica é a violência moral. Diferente da agressão física, a agressão psicológica é o ataque à nossa identidade, à nossa auto-estima. O agressor desqualifica a vítima, fazendo-a acreditar, através de sucessivas críticas, que ela não tem valor. Seu objetivo é destruir a auto-estima do outro, tornar a pessoa insegura acerca de seu próprio valor, e com isso dependente dele. As agressões podem começar com um comentário inocente acerca da sua aparência, seu cabelo, sua roupa, seu hálito, sua inteligência, e podem evoluir até xingamentos, gritos, etc.
    O agressor por se sentir inferior, precisa fazer um jogo de tortura para que o outro também acabe se sentindo inferior como ele. Ele não agüenta ter uma pessoa feliz e de bem com a vida ao seu lado, precisa acabar com esse bem estar. Em geral se trata de pessoas com identidade frágil, que não aprenderam a se relacionar com as pessoas de uma maneira saudável, e por terem sido eles mesmos abusados em algum momento de sua história.
   A violência psicológica pode acontecer em qualquer relação interpessoal e quando acontece no ambiente de trabalho é chamada de assédio moral.   Nos relacionamentos amorosos isso é mais comum acontecer do que podemos imaginar. No início do relacionamento, quando estamos apaixonados e ainda não conhecemos a pessoa muito bem, temos tendência a projetar nela várias características de gostaríamos que ela tivesse, e que na verdade são características que gostaríamos de ter em nós mesmos. Ao longo do tempo vamos conhecendo a pessoa e reconhecendo que aquela característica que tanto nos agradava, começa a se tornar insuportável, porque é muito diferente da maneira que somos e temos dificuldade de lidar com ela. Também vamos percebendo que a pessoa real é bem diferente daquilo que imaginamos, e aí ficamos decepcionados. Se formos capazes de ultrapassar essa decepção e aceitar o outro como ele é, com suas qualidades e com seus defeitos, podemos ser felizes nesse relacionamento. Mas ao contrário, se exigirmos que a pessoa mude para se encaixar no padrão que imaginamos, estamos cometendo uma violência no sentido de não aceitar a pessoa como ela é, por não aceitar sua identidade e não estar contribuindo com seu crescimento pessoal. Ninguém muda pelo outro, nós só mudamos quando sentimos necessidade de mudança. Quando tentamos mudar a outra pessoa para que ela se encaixe nos padrões que desejamos, estamos cometendo uma agressão psicológica.
   Esse é um dos maiores motivos de fracassos dos relacionamentos, porque achamos que podemos mudar o outro, quando na realidade não podemos.  Um relacionamento saudável é aquele em que ambos os parceiros são companheiros de uma jornada de crescimento pela vida, onde um aceita o outro como ele é, com suas qualidades e defeitos e onde um incentiva o outro a crescer e ser uma pessoa cada vez mais integrada e feliz. O melhor que podemos fazer quando a convivência se torna insuportável, quando não conseguimos lidar com os defeitos dos outros, é nos afastar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O trabalho com sonhos na Gestalt-Terapia




O psicólogo uruguaio Fernando de Lucca fala sobre como é realizado o trabalho com sonhos na Gestalt-Terapia e qual o significado dos sonhos para esta abordagem da Psicologia Clínica.

domingo, 20 de março de 2011

Nosso eu verdadeiro e o desempenho de papéis



   As crianças saudáveis, que são criadas em um ambiente afetivo capaz de suprir suas necessidades fisiológicas e afetivas básicas, vivem no presente, estão inteiramente presentes no que fazem, fazem apenas o que querem fazer e, sobretudo, confiam nos dados e percepções obtidos de sua própria experiência no mundo. Sabem o que sabem e sabem quais são suas necessidades com exatidão e simplicidade, até que sejam ensinadas ao contrário.
   Contudo a maioria de nós não teve permissão para crescer livre e naturalmente, buscando a própria auto-regulação, aprendendo através da experimentação, e ampliando nossos horizontes através de uma atitude natural do ser humano: a curiosidade ingênua.
   Fomos coagidos desde cedo por pais, parentes, cuidadores, professores e por toda a cultura a conformarmo-nos com padrões de sentir, pensar e agir. Entretanto, muitos de nós podemos ter resistido a esse condicionamento, muitas vezes com comportamentos considerados e rotulados como “disfuncionais”. Mas gradualmente, grande parte de nós foi desistindo de se opor e foi aceitando as idéias de nossos educadores de como uma criança deve ser.
   Nesse processo fomos perdendo nossa sensibilidade, criatividade, e espontaneidade naturais e fomos forçados a negar aquilo que sabíamos sobre nós mesmos, melhor que qualquer outra pessoa, e muitas vezes tivemos que renunciar aos dados de nossa própria experiência no mundo em favor de experiências e verdades culturalmente aceitas, para poderemos ser aceitos e ter aprovação daqueles que tanto amamos.
   Quando chegamos à idade adulta, a maioria de nós já esqueceu como ser e expressar a si mesmo. Apenas lembrar como é sermos nós mesmos já causa medo. Esse medo nos mantém em estado de tensão ou torpor constantes, a ponto de passarmos grande parte da vida representando um papel que não é nosso, mas que é socialmente aceito. Quando representamos um papel, ao invés de vivermos nossa própria vida, usamos grande parte de nossa energia para evitar e negar o medo que temos de conhecer a nós mesmos e aos outros de uma forma profunda e inteira.
   Quando crianças, talvez tivéssemos consciência de que estávamos apenas fingindo, mas com o passar do tempo, obtendo aprovação e sucesso com nosso fingimento, enganamos a nós mesmos dizendo que aquela farsa era verdadeira. Muitos de nós, agora adultos, temos uma suspeita de que não somos aquilo que parecemos e de que se não tivermos cuidado, as pessoas perceberão nosso jogo ou nós mesmos perceberemos como esse jogo é ilusório e insatisfatório.
   Diante desse quadro, temos duas opções: ou continuamos a fingir e jogar, sabendo que parte de nós está morta, ou viramos o jogo e desistimos de fingir e aprendemos a crescer de acordo com a realidade e com nossas necessidades genuínas.
   Entretanto, esse processo de aprender a ser nós mesmos e recriar nossa própria realidade é longo, porque também foram longos os anos em que desaprendemos a ser nós mesmos. Não se pode mudar da noite para o dia algo que foi construído em anos. Este é um aprendizado lento e gradual e por isso mesmo desafiador. Ele acontece em espiral, quando saltamos de um nível de aprendizado para outro, e algumas vezes recuamos, nunca voltamos ao ponto anterior, mas a um ponto acima daquele que superamos anteriormente
   Nesse sentido, a psicoterapia pode ser um poderoso instrumento de auto-conhecimento que nos auxilia a reaprender quem somos e como construir nossas vidas e relacionamentos de uma forma mais integrada e harmônica com aquilo que nós somos e necessitamos para sermos felizes.

terça-feira, 1 de março de 2011

Remédio depressivo para pessoas esfuziantes!


Este vídeo é uma incrível paródia da tendência de taxar como doença qualquer desvio da normalidade e medicar os pacientes.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ansiedade e medo

A ansiedade pode ser uma tentativa de antecipar e controlar o futuro: aquilo que ainda não aconteceu e sobre o qual não temos controle nenhum. Ela é perfeitamente normal diante de situações desconhecidas, pois é saudável sentir algum medo das coisas que não conhecemos. O medo tem a função de nos proteger do perigo. Entretanto a ansiedade e o medo podem tornar-se um incômodo quando aparecem com frequência nas situações cotidianas e conhecidas e quando se tornam uma tentativa constante de controlar o meio onde se vive.
   A vida é imprevisível, e por mais que façamos planos para o futuro, ele nem sempre acontece conforme imaginamos. O futuro é uma obra da imaginação, e em geral tendemos a projetar o futuro de acordo com nossas vivências passadas. Mas quem garante que o futuro será apenas a repetição do passado? Na vida não há garantias de nada e em geral o futuro é muito diferente do passado, pois as situações nunca se repetem da mesma forma, porque os elementos sempre se modificam ao interagirem uns com os outros. Como dizia o filósofo Heráclito: o mesmo homem nunca entra no mesmo rio duas vezes, porque ao entrar no rio os dois se modificam, já que estão em constante transformação, e nem ele nem o rio permanecem iguais. 
   Na realidade nossa imaginação não dá conta de pensar em coisas que ainda não vivemos e este é o aspecto maravilhoso da vida, a possibilidade do novo, de eventos que nunca aconteceram antes, diferentes de tudo que conhecemos. É esse contato com o novo, com o diferente, que nos traz a possibilidade de nos modificarmos e crescemos.  Mas isso dá um medo danado, pois em geral fomos treinados para viver tentando antecipar e controlar o futuro, excluindo o novo e o diferente de nossas vidas. Quanto mais confiamos na vida e em nós mesmos, mais sabemos que mesmo que venham situações difíceis, daremos conta de resolvê-las e muitas vezes teremos ajuda de outras pessoas. Entretanto, se temos pouca autoconfiança ou sofremos muito ao longo de nossa história, podemos encontrar dificuldades em confiar na vida e em nós mesmos, e ao menor sinal de mudança ou de que estamos perdendo o controle das situações, uma ansiedade enorme vai tomando conta, e muitas vezes temos até mesmo a sensação de que estamos ficando “sem chão”.
   A psicoterapia pode auxiliar nesses casos em que a ansiedade bloqueia o contato com o desconhecido, com as situações novas, e faz a pessoa perder a espontaneidade tentando controlar tudo e todos à sua volta e perdendo a oportunidade de crescer e tornar-se uma pessoa feliz. A psicoterapia pode facilitar a retomada do contato saudável com o meio, através da relação terapêutica, fortalecendo a autoconfiança e a confiança na vida.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O que é Gestalt-Terapia?

                                                                 

A Gestalt-Terapia é uma abordagem da psicoterapia que surgiu a partir dos trabalhos do psicoterapeuta alemão radicado nos EUA Frederick Perls, na década de 50.
A Gestalt trabalha com os temas que o cliente traz para a terapia, com aquilo que emerge no aqui e agora e com a forma como o cliente faz contato com o mundo e com as pessoas que o cercam. A psicoterapia serve como um laboratório onde o cliente vai experimentar formas mais funcionais de fazer contato com aqueles que o cercam. A relação terapêutica vai sendo construída à medida que cliente e terapeuta estreitam seu vínculo e criam um espaço de intimidade e respeito.
A Gestalt busca trazer à tona as potencialidades do cliente e assim aumentar seus recursos criativos e melhorar sua forma de resolver seus problemas e conflitos e lidar com sua vida.  O processo terapêutico leva à tomada de consciência das partes alienadas e fragmentadas da sua existência e o desenvolvimento de seus recursos internos de suporte.
Assim o terapeuta é um companheiro de jornada, aquele que caminha junto com o cliente rumo à descoberta de novas possibilidades de ser no mundo. Quem conduz o processo é o cliente, escolhendo aonde quer ir e que temas quer trazer para a terapia. O terapeuta é apenas um facilitador do processo do cliente.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que é Psicoterapia?

A psicoterapia é a aplicação clínica dos conhecimentos da Psicologia, realizada por profissionais habilitados: os psicólogos.
O processo terapêutico acontece entre o psicólogo e o cliente, ou com um grupo, uma família ou um casal.
 Terapia, em seu sentido literal, refere-se a tratamento, e psicoterapia, portanto, é o tratamento da “alma” ou “psique”. Entretanto é comum haver confusão entre os termos "psicoterapia" e "psicanálise" ou simplesmente “análise”. Enquanto a psicoterapia refere-se ao trabalho psicoterapêutico baseado no corpo teórico da psicologia como um todo, a psicanálise ou análise refere-se ao trabalho baseado apenas nas teorias de Sigmund Freud.
O que faz a psicoterapia?
A psicoterapia é mais que um tratamento, é um espaço de autoconhecimento e promoção da saúde, não apenas um espaço de atendimento a transtornos graves e emergências psicológicas. Por isso o psicólogo não é um “médico de loucos”, mas um profissional treinado para auxiliar as pessoas na busca de maior compreensão sobre si mesmas, seu agir, pensar e sentir, prevenindo o aparecimento de maiores sofrimentos.
Muitas vezes as pessoas sofrem porque se sentem paralisadas, impedidas, incompreendidas, ou repetindo padrões de comportamento que as impedem de viver e serem felizes. Entretanto através de um processo de autoconhecimento é possível entender não apenas com a mente, mas emocionalmente, o que está impedindo o livre fluxo da vida, o sentir-se pleno e feliz. Olhar de frente para seus medos, angústias, fraquezas e forças não é uma tarefa fácil, mas com certeza traz um grande aprendizado sobre si e e pode mudar o rumo da vida.
Qual é o papel do psicoterapeuta?

O papel do psicoterapeuta é mostrar os caminhos possíveis para permitir que o cliente faça escolhas.
O psicoterapeuta não é um doutrinador, um padre, um pastor ou alguém que vai impor seus valores morais, crenças e verdades próprias. Também não é um juiz que vai decidir entre certo ou errado e dar seu parecer sobre o que o cliente está lhe contando, portanto ele não vai julgá-lo ou condená-lo. Por isso a conversa com ele é diferente da conversa com os amigos ou familiares.
Ele é alguém que construirá com o cliente uma relação de respeito e confiança, aceitando-o como ele é, com suas particularidades e diferenças.


Porque chamamos cliente e não paciente?


 Porque o cliente é autor do seu próprio processo, é ele que escolhe e traz os temas a serem trabalhados na terapia, é ele quem dita o ritmo e até onde quer chegar. Ao contrário do paciente que é passivo e recebe o conhecimento do psicoterapeuta que detém o saber. Neste processo o psicoterapeuta é apenas um facilitador, um co-autor da terapia, não é ele que dita as regras e detém o saber sobre o cliente. A confiança no psicoterapeuta é fundamental para o desenvolvimento desse processo, por isso o cliente pode e deve escolher aquele profissional em que mais confia e com quem se sente mais à vontade.

Quem pode se beneficiar da psicoterapia?
Todas as  pessoas podem fazer psicoterapia, basta sentir necessidade de ajuda. A psicoterapia vem para ajudar a resolver os problemas que as pessoas já não conseguem resolver sozinhas. Não há hora certa para começar, a hora certa é qualquer hora em que a pessoa sinta necessidade.